sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Vida, será que a valorizamos?


No livro 'Guia da Ética para o Homem Comum' o teólogo William Barclay escreve: "Visto que o homem foi feito à imagem de Deus, então tirar-llhe a vida significa destruir a coisa mais preciosa e santa do mundo." Sem levar em consideração a questão religiosa, podemos extrair da frase um ponto muito interessante. Vida -'a coisa mais preciosa do mundo'. Pergunto: É assim que nós pensamos? É a vida realmente a coisa mais preciosa do mundo? A julgar pelo comportamento das pessoas, fica claro que muitas não concordam com o teólogo. Milhões de vida foram tiradas e estão sendo extinguidas sem dó nem piedade por pessoas com alvos egoístas e sem consideração pelo bem-estar do próximo. Basta olharmos as duas grandes guerras mundiais, o ataque as torres gêmeas norte-americanas e o atual conflito no Iraque. Vale lembrar uma célebre frase de Immanuel Kant - "Todo homem deve ser respeitado como um fim absoluto em si mesmo; e constitui-se um crime contra a dignidade que lhe pertence como ser humano usá-lo como simples meio para alguma finalidade externa."

Filósofo do mês: Baruch Spinoza




"Com efeito, as coisas que ocorrem mais na vida e são tidas pelos homens como o supremo bem resumem-se, ao que se pode depreender de suas obras, nestas três: as riquezas, as honras e a concupiscência. Por elas a mente se vê tão distraída que de modo algum poderá pensar em qualquer outro bem. Realmente, no que tange à concupiscência, o espírito fica por ela de maneira possuído como se repousasse num bem, tornando-se de todo impossibilitado de pensar em outra coisa; mas após a sua fruição, segue-se a maior das tristezas, a qual, se não suspende a mente, pelo menos a perturba e a embota.Também procurando as honras e as riquezas, não pouco a mente se distrai, mormente quando são buscadas apenas por si mesmas, porque então serão tidas como o supremo bem, (...), a honra representa um grande impedimento pelo fato de precisarmos, para conseguí-la adaptar a nossa vida à opinião dos outros, a saber, fugindo do que os homens em geral fogem e buscando o que vulgarmente procuram.(...)Em verdade aquilo que o vulgo segue não só não traz nenhum remédio para a consevação de nosso ser mas até o impede e freqüentemente é causa de morte para aqueles que o possuem e sempre causa de perecimento para os que são possuídos por isso. Existem, de fato, muitos exemplos dos que, por causa de suas riquezas, sofreram a perseguição até a morte, e também daqueles que, para ajuntar tesouros, se expuseram a tantos perigos que afinal pagaram com a vida a pena de sua tolice. Nem menos numerosos são os exemplos dos que, para conseguir a honra ou defendê-la, muitíssimo sofreram. Por último, há inúmeros exemplos dos que aceleraram a sua morte pelo excesso de concupiscência.(...) O maior bem é o conhecimento da união da mente com a natureza.(...) Quanto mais a gente sabe, melhor compreende suas forças e a ordem da natureza; quanto mais compreende suas forças ou seu poder, melhor será capaz de dirigir a si mesma e estabelecer as leis para si mesma; e quanto compreender a ordem da natureza, mais facilmente terá condições de libertar-se de coisas inúteis; o método é este." (Spinoza - Tratado da Correção do Intelecto, páginas 108-110)

A diversão não é o ápice!


Divertimento faz parte da vida, mas não é tudo. É notório a futilidade daqueles que vêem no divertimento o 'ápice' da existência. Tal resulta no entorpecimento da mente e um viver pobre de significados mais profundos, constituindo indivíduos alienados, e não agentes trensformadores. Tendo isso em mente, deixo abaixo um pequenino trecho do livro 'Pensamentos' de Blaise Pascal que trata do assunto.'A única coisa que nos consola de nossas misérias é o divertimento, e, no entanto, essa é a maior das nossas misérias. É isso que nos impede, prinicipalmente, de pensar em nós, e que insensivelmente nos perde. Sem isso, estaríamos desgostosos, e esse desgosto nos levaria a buscar um modo mais sólido de sair dele. Mas o divertimento nos contenta e nos conduz insensivelmente à morte.'

A utilidade da Filosofia


O texto abaixo foi extraído do livro 'Convite à Filosofia', página 18, de Marilena Chaui, editora Ática, e vale a pena ser lido:"Qual seria, então, a utilidade da Filosofia? Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes."

Você é preconceituoso?


Não faz muito tempo, me senti vítima de preconceito, em contrapartida já fui muito preconceituoso, principalmente quando estava envolvido de 'corpo e alma' com a religião. Diante disso pergunto: Como perceber que está sendo preconceiuoso?É interessantenotar que a criança, na sua mais tenra idade, não abriga preconceitos. Somente durante os anos de formação da personalidade, com as idéias implantadas pelos pais,amigos, professores, pela mídia, religião, e a sociedade em geral que começam a se abrigar as primeiras noções preconceituosas, que muitas vezes vão se prolongar pelo resto da vida. Eis então o desafio: Faça a si mesmo as perguntas abaixo, e veja se está abrigando, mesmo sem perceber, certos preconceitos:1.Será que pressuponho que as pessoas de determinada formação étnica, região ou país têm características indesejaveis, tais como estupidez, preguiça ou avareza? (Muitas vezes piadas perpetuam esse tipo de preconceito, como exemplo: piada dos portugueses).2.Tenho a tendência de responsabilizar imigrantes ou pessoas de outro grupo étnico pelos problemas econômicos ou sociais do país?3.Se na região onde vivo existe inimizade histórica em relação a um povo, permito que isso me faça ter aversão às pessoas dessa nacionalidade?4.Sou capaz de encarar cada pessoa que conheço como um indivíudo- independente da cor da pele, cultura, sexo, religião ou raça?O preconceito magoa as pessoas e causa divisões, e como ouvi certa feita "se o preconceito é filho da ignorância, o ódio é quase sempre seu neto."

Os quatro níveis de aprendizagem


Há um tempo atrás pude ler um artigo muito interessante sobre ensino e aprendizagem, que remetia ao psicólogo Abraham Maslow que aponta quatro níveis de aprendizagem, acredito que vocês acharão interessante e poderão aplicar.

NIVEL 1 - O ponto inicial, o nível mais baixo, onde todos começam o aprendizado, é chamado de 'ignorância insconsciente', isto é, não temos conhecimento de nada, mas estamos inconscientes disso.

NIVEL 2 - O segundo nível chama-se 'ignorância consciente', aquele em que sabemos que não sabemos. E como se chega a ter essas consciência? Em alguns casos, chegamos a ela por informação de terceiros; em outros, nós mesmos a descobrimos.

NIVEL 3 - O terceiro nível é o do 'conhecimento consciente', aquele em que temos sempre em mente um conhecimento adquirido. Quando estamos aprendendo a dirigir, por exemplo, dirigimos sempre pensando nos movimentos que temos de fazer.

NIVEL 4 - O último nível é o do 'conhecimento inconsciente', no qual dominamos tão bem certo conhecimento que nem pensamos mais nele. Depois de algum tempo de volante, entramos no carro, ligamos o motor, soltamos o freio, engrenamos as marchas e praticamos todos os atos necessários para rodar um veículo sem pensar muito neles. Aliás a maior parte do tempo em que dirigimos, pensamos em outras coisas, e não na direção.

Auto-ajuda ou auto-alienação?


Auto-ajuda ou auto-alienação???Ficamos indignados quando alguém atribui a pobreza, o desemprego e o sofrimento a "vontade de Deus", ou quando de forma racista diz de uma maneira mais impessoal que a "natureza fez alguns superiores e outros inferiores".Mas o que particularmente me deixa irritado é quando um instrumento de alienação ataca outro. Falo da auto-ajuda, esse sistema que tem servido ao capitalismo e enriquecido homens como o excêntrico Lair Ribeiro. Nas livrarias essa subcultura são as da mais vendidas, juntas com as do "mago" Paulo Coelho.É interessante notar que o sistema de auto-ajuda trás severas críticas a religião e aos limites supostamente impostos pela natureza, porém, de forma astuciosa consegue implantar uma outra forma de alienação. Veja o que diz o livro 'Convite a filosofia', página 172:"(...)quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque quer, porque é preguiçosa, ou perdulária, ou ignorante, está imaginando que somos o que somos somente por nossa vontade, como se a organização e a estrutura da sociedade, da economia, da política não tivesse qualquer peso sobre nossas vidas.(...)Há uma dupla alienação: por um lado, os homens não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, julgam-se indivíduos plenamente livres, capazes de mudar suas vidas individuiais como e quando quiserem, apesar das instituições sociais e das condições históricas. No primeiro caso, não percebem que instituem a sociedade; no segundo caso, ignoram que a sociedade instituida determina seus pensamentos e ações..."Portanto ao invés de lermos auto-ajuda que tal lermos 'filosofia' que nos induz a uma auto-crítica?