segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ética em Foucault



Para pensar a ética, Foucault recorre aos gregos do século V e IV a.C.. Era muito importante para o grego sua prática política e econômica, e para bem desempenhar suas funções era essencial cuidar de si próprio. Somente um homem livre, construtor de sua própria vida, determinante de suas próprias razões e ações poderia desempenhar suas funções na polis (cidade-Estado) de forma adequada. Para o grego tomar as rédeas da própria vida era como construir uma obra de arte, esculpir uma vida bela. Ética nesse sentido era um modo de relacionamento do indivíduo consigo mesmo, não como no cristianismo que instituia uma moral como obediência a um sistema de regras. Sendo assim entre os gregos era possível a variabilidade e a diversidade, o que não ocorria no cristianismo que buscava a obediência e a uniformidade. Tomando como base a ética grega Foucault desenvolveu o conceito de "Éstética Existencial". "Estética" porque remete a arte (conjunto aberto e variável de técnicas de construção e criação), e nese sentido cabe ao indivíduo produzir e gerenciar a própria vida exercendo sua maioridade intelectual sem recorrer a dogmas e "autoridades". "Existencial" porque o indivíduo se constitui como livre que é, na experiência. Isso implica duas coisas: ter uma atitude limite e uma experimental. Não podemos ignorar o tecido social no qual estamos inseridos, mas aprender a vê-lo como histórico, singular, contingente e arbitrário e jamais como universal, necessário e obrigatório. Isso nos remete a outra parte da experiência, a atitude experimental, onde a guisa do que sabemos exercitamos nossa liberdade transgredindo os limites que são impostos sobre nossa vida, e em especial o discruso fascista e totalitário que domina, anula nosso eu e visa uniformizar comportamentos. É importante destacar que o indivíduo não tem uma atitude limite e experimental mudando seu modo de ser sem mudar sua relação consigo, com os outros e com a verdade ( o saber).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Liberdade em Sartre


Liberdade é a capacidade de escolher entre duas ou mais possibilidades. Para o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre a liberdade é total. O indivíduo está condenado à liberdade. Não há como escapar da liberdade. Por todo lado, é preciso escolher. Estamos lançados no mundo e temos a responsabilidade de projetar com nossas escolhas e ações o que queremos ser. Não há modelo a seguir, não há Deus para determinar uma natureza humana, não há algum ideal transcendente a que nos devemos firmar. A culpa pelo nosso comportamento não pode ser lançada na contabilidade da sociedade, da família ou da igreja! Se eximir da própria responsabilidade de se construir a si mesmo, de fazer escolhas, é má-fé. Até mesmo quando o indívíduo, decide não escolher, está escolhendo, porque escolheu não escolher. Dentro do seu campo de escolhas o indivíduo se angustia, porque é preciso escolher entre possibilidades, isso significa tomar uma e abandonar outras, que de certa forma poderiam ou não ser melhores. Além disso, cada escolha é um compromisso, é um testificar diante das demais pessoas, que aquela escolha naquele momento foi para nós a melhor opção, e que as pessoas poderiam fazer o mesmo. Isso significa também que os outros com quem convivemos nos observam, mas esse olhar não é neutro. As pessoas nos objetivam, nos reificam. e nos definem, tornando-nos aos seus olhos objetos, fixando-nos com rótulos e de certa forma tratando o ser livre como não-livre, como coisa definivel, dada, acabada e pronta. Tal atitude é geradora de conflito, por isso Sartre diz que "o inferno são os outros". Afim de evitar maiores problemas, cabe a cada um de nós respeitar a liberdade do outro, viver assumindo a responsabilidade pelo próprio caráter e colaborando com isso para construir um mundo melhor.

Filósofo do Mês: Wittgenstein



No trecho abaixo, extraído do livro "Investigações Filosóficas", o filósofo austríaco desenvolve o conceito de 'jogos de linguagem', mostrando que a tarefa da filosofia é romper com toda superstição que a linguagem possa engendrar, deixando de lado a busca de uma essencia que a linguagem tenha, e ao invés disso buscando um entendimento de como ela funciona.A linguagem tem múltiplas e variadas funções práticas que são verdadeira formas de vida, o que poderia-se inferir que o que chamamos de linguagem é um conjunto de "jogos de linguagem".





"A questão 'o que realmente uma palavra?' é análoga a 'o que é uma figura de xadrez?'. Era certo dizer que nossas considerações não deviam ser considerações científicas. A experiência ' de que isto ou aquilo possa ser pensado contra nosso preconceito' - o que quer que isso signifique - não podia nos interessar.(A concepção peneumática do pensamento.)E não devemos construir nenhuma espécia de teoria. Não deve haver nada de hipotético nas nossas considerações. Toda elucidação deve desaparecer e ser substituída apenas por descrição. E esta descrição recebe sua luz, isto é, sua finalidade, dos problemas filosóficos. Estes problemas não são empíricos, mas são resolvidos por meio de um exame do trabalho de nossa linguagem e de tal modo que este seja reconhecido: contra o impulso de mal compreendê-lo. Os problemas são resolvidos não pelo acúmulo de novas experiências, mas pela combinação do que é já há muito tempo conhecido. A filosofia é uma luta contra o enfeitiçamento do nosso entendimento pelos meios de nossa linguagem. 'A linguagem (ou pensamento) é algo único' - isto se revela como uma superstição (não erro!) produzida mesmo por ilusões gramaticais. E sobre essas ilusões, sobre esses problemas é que recai o pathos. Os problemas que nascem de uma má interpretação de nossas formas lingüisticas têm o caráter da profundidade. São inquietações profundas; estão enraizadas tão profundamente em nós quanto as formas de nossa linguagem, e sua importãncia é tão grande como a denossa linguagem."(Investigações Filosóficas §109, §110, § 111)