quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Questionário do filme - Orações para Bobby

Questionário do filme -"Orações para Bobby"
1. Qual era o conflito que BOBBY vivenciava?
2. Que expectativas a família tinha sobre ele?
3. Qual foi a reação da família ao saber que ele era “gay”?
4. De que maneira sua prima demonstrou apoio e compreensão?
5. Como a família de David, seu namorado, o tratava?
6. Por que BOBBY não aprofundava seu relacionamento com as garotas?
7. O que BOBBY registrava em seu diário?
8. De que maneira sua mãe tentou “curá-lo”?
9. Que tragédia ocasionou o preconceito e rejeição de sua família?
10. De que maneira a Comunidade Metropolitana (que acolhia os “gays”) demonstrou apoio à mãe de BOBBY?
11. Por que a mãe de BOBBY mudou?
12. Quais foram os resultados da mudança da mãe dele?
13. É possível curar a homossexualidade? Explique.
14. Qual é o perigo do fundamentalismo religioso (FANATISMO, cegueira) para os sentimentos das pessoas?
15. Qual foi a interpretação da igreja da mãe de BOBBY sobre a personalidade e desejos dele e o suicídio?
16. Interprete e relacione com o filme: "Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Mas, se a sociedade não pode igualar os que a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseverança. Tal a missão do trabalho." (Rui Barbosa,1919)
17. Tendo como base a “Alegoria da caverna de Platão” e a situação que Bobby vivenciou, o que seria “a caverna”, e o “mundo fora da caverna”? Quais seriam as correntes e o instrumento de libertação? 18. Em determinada cena do filme, quando os dois irmãos estão na trilha do trem, após uma tentativa de desabafo de Bobby, seu irmão Ed diz : _ Você pensa demais. É perigoso, por isso evito a todo custo.” Observando esta situação e revendo seus conhecimentos de Filosofia, porque o pensamento é importante e quando é considerado perigoso pela sociedade? 19. Observe o texto e em seguida relacione-o ao filme: “Reconhecer que estamos errados, que nossas crenças não têm bom fundamento, significa renunciarmos à parte de nossa identidade. Questionar e rever crenças religiosas, ideologia e política, ideário profissional, etc, é algo gerador de crise de identidade. Desse modo, compreende-se que seja difícil para alguém abandonar suas crenças mais fortes. No entanto, é necessário ter essa predisposição de admitir que podemos estar errados, que nossas crenças podem não ter fundamento, que aquilo em que acreditávamos é, ao contrário do que pensamos, bem discutível ou falso. Um bom nome para essa predisposição é: coragem intelectual. De fato, a coragem é muitas vezes necessária para reconhecer-se, perante os outros e perante si próprio, como (redondamente) equivocados. Com efeito: o que vem a ser essa coisa que chamamos genericamente de coragem? Podemos dizer que ela consiste na predisposição para enfrentar resolutamente uma realidade adversa ou perigosa, de qualquer natureza que ela seja, em vez de fugir dela. Podemos dizer, então, que a coragem intelectual é a disposição de admitir para si mesmo a força de evidências contrárias às próprias crenças, o que é as vezes difícil.É preciso coragem para admitir erros, às vezes erros sobre todo um conjunto de crenças nossas. Por que é preciso coragem? Porque admiti-los – no interior de uma comunidade de interessados, composta por colegas e/ou estranhos – é, numa situação pública, declarar-se errado, e às vezes redondamente errado; ora, uma confissão mais ou menos pública de erros importantes, embora tenha seu lado meritório, é também, em diferentes graus, sempre penosa e diminuidora do auto-conceito.” (Coragem Intelectual para enfrentar preconceitos e estereótipos)
20. De que maneira você poderia contribuir mais efetivamente para o combate da homofobia?

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

QUESTÕES - ESCRITORES DA LIBERDADE

1)O que causa a desigualdade entre os alunos no filme e em nossa escola?
2) A ética da professora pode ser considerada deontológica? Porque? E de que maneira você pode contribuir para o desenvolvimento da ética na escola?
3) Compare o comportamento dos alunos no início do filme com ética dos estoicos.
4) Qual a causa do sentimento de identidade (união) entre os alunos?
5) Cite um momento do filme que você considera importante e explique qual a relação da ética com esse momento.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

QUESTÕES DO FILME - O NEVOEIRO

1. Após uma terrível tempestade, uma estranha névoa encobre uma pequena cidade. Criaturas ocultas no nevoeiro atacam as pessoas que saem as ruas. Um grupo fica preso em um supermercado e não pode sair do estabelecimento temendo ser atacado. A partir de então, começa uma luta sangrenta pela sobrevivência." Esta é a sinopse do filme “O Nevoeiro”. Descreva três personagens do filme destacando suas personalidades.
2. Em “O Nevoeiro” nem todos os que estão no supermercado acreditam na mesma coisa, apesar de estarem passando por circunstâncias semelhantes. Explique pelo menos duas posições sobre o acontecimento.
3. De que maneira o fanatismo religioso da Sra. Carmody é apresentado no filme?
4. Em meio a luta pela sobrevivência e os conflitos que ocorrem em meio ao desespero, comente sobre uma atitude de relevância ética apresentada no filme.
5. Ao aproximar-se o término do filme, “a origem do Nevoeiro misterioso” é explicada e um “desfecho surpreendente” é apresentado. Partindo da reflexão de “quem são os verdadeiros monstros” e “onde estava efetivamente o perigo” (fora ou dentro do supermercado) , explique estas quatro questões destacando também sua opinião.

QUESTÕES DO FILME "AS AVENTURAS DE PI"

1. "A fé é uma casa de muitos quartos", diz o já adulto Pi em determinado momento. COMENTE o sentido desta expressão tendo como base a mensagem do filme.
2. O pai de Pi era ateu e sua mãe religiosa. Como Pi conseguiu conciliar razão e fé em sua experiência?
3. Durante toda sua vida e principalmente após o naufrágio Pi teve de lidar com diversos conflitos, inclusive para poder sobreviver. Cite um desses conflitos, destacando uma postura ética empregada.
4. Durante um determinado momento no bote Pi afirma “ as palavras são tudo que eu tenho para me agarrar”. Qual o sentido desta expressão em sua luta pela sobrevivência?
5. Pi adulto diz para o escritor canadense que sua história o convencerá a acreditar em Deus. Então,usa duas versões do mesmo episódio para ilustrar duas abordagens com relação à realidade: uma mais coerente e lógica; outra mais fantástica e imaginativa. Ao final, ele pergunta qual é a “melhor história”. Em sua opinião, qual a melhor história e por que?

domingo, 16 de junho de 2013

TRABALHO DE RECUPERAÇÃO: 2ANO RENE DESCARTES - A MORAL PROVISÓRIA

A moral provisória René Descartes – Extraído do livro “Discurso do método” E enfim, como não basta, antes de começar a reconstruir a casa onde se mora, fazê-la demolir ou se ocupar a própria pessoa da arquitetura, além de ter cuidadosamente traçado o projeto, mas é preciso também arranjar outra onde comodamente se alojar enquanto durarem os trabalhos, assim eu, para não ficar em absoluto hesitante nas minhas ações enquanto a razão me obrigasse a sê-lo nos meus juízos e para não deixar de viver desde então do modo mais feliz possível, criei para mim uma moral provisória, consistindo somente de três ou quatro máximas, que gostaria de vos expor. A primeira era obedecer às leis e costumes do meu país, respeitando sempre a religião na qual Deus me deu a graça de ser educado desde a infância e me conduzindo em todas as outras coisas segundo as opiniões mais moderadas e mais afastadas do excesso que fossem comumente aceitas na prática pelos mais sensatos dentre aqueles com quem teria que viver. Pois, começando desde então por não considerar minhas próprias opiniões mais moderadas e mais afastadas do excesso que fossem comumente aceitas na prática pelos mais sensatos dentre aqueles com quem teria que viver, pois, começando desde então por não considerar minhas próprias opiniões como coisa alguma, pois queria recolocá-las todas em questão, estava seguro de não poder seguir outras melhores que as dos mais sensatos. E ainda que haja talvez gente tão sensata entre os persas ou chineses como entre nós, parecia-me que o mais útil era me comportar segundo aqueles com os quais teria que antes prestar atenção no que praticavam do que no que diziam; não apenas porque, com a corrupção dos nossos costumes, haja pouca gente disposta a dizer tudo aquilo em que acredita, mas também porque vários inclusive o ignoram; pois como a ação do pensamento pela qual se acredita numa coisa é diferente daquela pela qual se sabe que se acredita nessa coisa, uma existe com freqüência sem a outra. E entre várias opiniões igualmente aceitas eu só escolhia as mais moderadas; tanto porque são sempre as mais cômodas na prática e possivelmente as melhores, costumando todo excesso ser ruim, como também para me desviar menos do verdadeiro caminho, caso falhasse, do que se, escolhendo um dos extremos, devesse ter seguido o outro. E, particularmente, colocava entre os excessos todas as promessas pelas quais se cerceia a liberdade de alguma coisa. Não que desaprovasse as leis que para remediar a inconstância dos espíritos fracos permitem, quando se tem um bom propósito ou mesmo, para garantia do comércio, um propósito apenas indiferente, que se façam votos ou contratos que obrigam a perseverar nele; mas por não ver no mundo coisa alguma que permanecesse sempre no mesmo estado e, no meu caso particular, prometer aperfeiçoar cada vez mais meus juízos e não em absoluto piorá-los, pensaria estar cometendo uma grande falta contra o bom senso se, pelo fato de antes aprovar alguma coisa, fosse obrigado a tomá-la como boa mesmo depois que talvez tivesse deixado de sê-lo ou quando não mais a considerasse assim. Minha segunda máxima era de ser o mais firme e o mais decidido possível em minhas ações e de seguir as opiniões as mais duvidosas, uma vez me tivesse resolvido por elas, com a mesma constância que o faria se fossem muito seguras, imitando nisso os viajantes que, vendo-se perdidos numa floresta, não devem ficar dando voltas, a errar de um lado para o outro, e muito menos parar num lugar, mas caminhar sempre o mais reto possível numa mesma direção e não mudá-la de modo algum por motivos frágeis, mesmo que talvez de início apenas o acaso os tenha levado a escolhê-la: porque assim, se não vão exatamente aonde desejam, chegarão pelo menos afinal a algum lugar onde provavelmente estarão melhor que no meio de uma floresta. De forma que, não aceitando comumente as ações da vida nenhuma demora, é verdade bem certa que, se não estiver em nosso poder discernir as opiniões mais verdadeiras, devemos seguir as mais prováveis; e mesmo, ainda que não notemos mais probabilidade numas do que noutras devemos contudo nos decidir por algumas e considerá-las depois não mais como duvidosas, uma vez que dizem respeito à prática, mas como muito verdadeiras e certas, pois assim se considera a razão que nos fez optar por elas. E isso foi desde então capaz de me livrar de todos os remorsos e arrependimentos que costumam agitar as consciências desses espíritos fracos e vacilantes que se deixam levar com inconstância a praticar, como boas, coisas que julgam mais tarde serem más. Minha terceira máxima era tratar sempre de vencer a mim mesmo e não ao destino, mudando antes meus desejos que a ordem do mundo, e no geral me acostumar a crer que nada está inteiramente em nosso poder além dos nossos pensamentos; de modo que depois de ter dado o melhor de nós em coisas que nos são exteriores, tudo o que deixamos de conseguir é, no que nos diz respeito, absolutamente impossível. E isso já me parecia suficiente para impedir que desejasse no futuro nada que não conseguisse e para ficar dessa forma contente. Pois não se aplicando naturalmente nossa vontade a desejar senão as coisas que nosso entendimento lhe apresenta de alguma forma como possíveis, é certo que, se consideramos todos os bens exteriores a nós como igualmente distantes do nosso poder, não lamentaremos a falta daqueles que parecem devidos ao nosso nascimento, quando formos privados deles sem culpa nossa, mais do que lamentamos não possuir os reinos da China e do México; e fazendo da necessidade virtude, como se diz, não desejaremos ter saúde estando doentes ou ser livres estando presos, mais do que desejamos atualmente ter corpos de uma matéria tão pouco corruptível quanto o diamante ou asas para voar como os pássaros. Mas admito que é necessário um longo exercício e uma meditação persistente para se acostumar a encarar todas as coisas sob esse ângulo; e creio que era principalmente nisso que consistia o segredo desses filósofos que puderam outrora abstrair-se do império da fortuna e, apesar das dores e da pobreza, disputar felicidade aos seus deuses. Pois, ocupando-se incessantemente em considerar os limites que lhes eram prescritos pela natureza, persuadiram-se de modo tão perfeito que nada estava em seu poder além dos próprios pensamentos que só isso era suficiente para impedi-los de ter qualquer afeição por outras coisas; e dispunham deles de forma tão absoluta que tinham nisso alguma razão de se considerar mais ricos, mais poderosos, mais livres e mais felizes que quaisquer dos outros homens que, não tendo essa filosofia, por mais favorecidos que sejam pela natureza e a fortuna, jamais dispõem assim de tudo o que querem. Por fim, para conclusão dessa moral, decidi fazer um exame das diversas ocupações que têm os homens nesta vida e tentar escolher a melhor; e sem pretender dizer nada das ocupações dos outros, pensei que não podia fazer melhor que continuar aquela mesma em que estava, isto é, empregar toda a minha vida a cultivar a razão e avançar o máximo que pudesse no conhecimento da verdade, seguindo o método que me havia prescrito. Sentira alegrias tão extremas desde que começara a me servir desse método, que não acreditava poder ter outras mais doces nem mais inocentes nesta vida; e descobrindo todos os dias por meio dele algumas verdades que me pareciam bastante importantes e comumente ignoradas pelos outros homens, a satisfação que delas recebia preenchia de tal modo o meu espírito, que todo o resto não me importava. Além disso, as três máximas precedentes só se fundavam no propósito de continuar a me instruir, pois tendo Deus dado a cada um de nós certa luz para distinguir o verdadeiro do falso, não teria jamais acreditado dever contentar-se um só momento com as opiniões alheias, se não me houvesse proposto empregar o meu próprio juízo em examiná-las no momento oportuno; e não teria podido livrar-me dos escrúpulos ao segui-las, se não tivesse esperado não perder por isso nenhuma ocasião de encontrar outras melhores, caso houvesse; e enfim, não teria podido limitar meus desejos nem estar contente, se não tivesse seguido um caminho pelo qual, pensando estar certo da aquisição de todos os conhecimentos de que seria capaz, não julgasse estar, pelo mesmo meio, certo da aquisição de todos os verdadeiros bens que jamais estivessem em meu poder; pois, não se inclinando a nossa vontade nem a seguir alguma coisa nem a fugir dela senão na medida em que nosso entendimento represente como boa ou má, basta bem julgar para fazer bem, e julgar o melhor que pudermos fazermos também o melhor possível isto é, para adquirimos todas as virtudes e, ao mesmo tempo, todos os outros bens que possamos adquirir; e quando estamos certos de que assim é, não podemos deixar de estar contentes. QUESTÕES
1.Que paralelo Descartes fez entre a reconstrução da casa e a moral provisória?
2. Que razões Descartes concebeu de que o mais útil era se “comportar segundo aqueles com os quais teria que antes prestar atenção no que praticavam do que no que diziam”?
3. Por que é mais vantajoso “se não estiver em nosso poder discernir as opiniões mais verdadeiras, e seguir as mais prováveis”?
4. O que Descartes quer dizer quando afirma que “é preciso antes vencer a si mesmo do que ao destino”?
5. Por que é essencial empregar a vida no cultivo da razão e no avanço do conhecimento da verdade?

terça-feira, 28 de maio de 2013

TRABALHO DE FILOSOFIA 2° BIMESTRE - 2° ANO DO ENSINO MÉDIO

TRABALHO DE FILOSOFIA – 2º ano do Ensino Médio
I - A causa do erro e como evitá-lo Excerto do livro “Meditações Metafísicas”(Quarta meditação),do filósofo René Descarte. “E, em seguida, olhando-me de mais perto e considerando quais são meus erros ( que apenas testemunham haver imperfeição em mim), descubro que dependem do concurso de duas causas, a saber, do poder de conhecer que existe em mim e do poder de escolher, ou seja, meu livre-arbítrio; isto é, de meu entendimento e conjuntamente de minha vontade. Isso porque só pelo entendimento não asseguro nem nego coisa alguma, mas apenas concebo as idéias das coisas que posso assegurar ou negar. Ora, considerando-o assim precisamente, pode-se dizer que jamais encontraremos nele erro algum, desde que se torne a palavra “erro” em sua significação própria. E, ainda que haja talvez uma infinidade de coisas neste mundo das quais não tenho idéias alguma em meu entendimento, não se pode por isso dizer que ele seja privado dessas idéias como de algo que seja devida à sua natureza, mas somente que não as tem; porque, com efeito, não há razão alguma capaz de provar que Deus devesse dar-me uma faculdade de conhecer maior e mais ampla do que aquela que me deu; e, por hábil e engenhoso operário que eu mo represente, nem por isso devo pensar que devesse pôr em cada uma de suas obras todas as perfeições que pôde pôr em algumas. Tampouco posso me lastimar de que Deus não me tenha dado um livre-arbítrio ou uma vontade bastante ampla e perfeita, visto que, com efeito, eu a experimento tão vaga e tão extensa que ela não está encerrada em quaisquer limites. (...) De tudo isso reconheço que nem o poder da vontade, o qual recebi de Deus, é em si mesmo a causa de meus erros, pois é muito amplo e muito perfeito na sua espécie;nem tampouco o poder de entender ou de conceber: pois, nada concebendo senão desse poder que Deus me conferiu para conceber, não há duvida de que tudo o que concebo, concebo como é necessário e não é possível que nisso me engane. Donde nascem, pois meus erros? A saber, somente de que, sendo a vontade muito mais ampla e extensa que o entendimento, eu não a contenho nos mesmos limites, mas estendo-a também às coisas que não entendo; das quais, sendo a vontade por si indiferente, ela se perde muito facilmente e escolhe o mal pelo bem ou o falso pelo verdadeiro. O que faz com que eu me engane e peque.(...) Ora, se me abstenho de formular meu juízo sobre uma coisa, quando não a concebo com suficiente clareza e distinção, e evidente que utilizo muito bem e que não estou enganado; mas, se me determino a negá-la ou a assegurá-la, então não me sirvo como devo de meu livre-arbítrio; se garanto o que não é verdadeiro, é evidente que me engano, e até mesmo, ainda que julgue segundo a verdade, isso não ocorre senão por acaso e eu não deixo de falhar e de utilizar mal o meu livre-arbítrio; pois a luz natural nos ensina que o conhecimento do entendimento deve sempre preceder a determinação da vontade.”
Responda as questões:
1. O que testemunham os erros de Descartes? 2. Do concurso de quais causas depende o erro? 3. O que é concebido pelo entendimento? 4. A natureza do nosso entendimento é limitada ou ilimitada? Justifique com um trecho do texto. 5. A natureza da nossa vontade é limitada ou ilimitada? Justifique com um trecho do texto. 6. Explique onde nascem os erros. 7. Como usamos mal nosso livre arbítrio?
II - Cérebro numa cuba “Não tenho corpo. Tudo o que sou é um cérebro a flutuar numa cuba de produtos químicos. Um cientista perverso ligou de tal forma fios ao meu cérebro que tenho a ilusão da experiência sensorial. O cientista criou uma espécie de máquina de experiências. Do meu ponto de vista, posso levantar-me e dirigir-me à loja para comprar um jornal. Contudo, quando faço isto, o que está realmente acontecendo é que o cientista está estimulando certos nervos do meu cérebro de maneira a que eu tenha a ilusão de fazer isto. Toda a experiência que penso provir dos meus cinco sentidos é na verdade o resultado do que este cientista perverso esta estimulando no meu cérebro desencarnado. Com esta máquina de experiências o cientista pode fazer com que eu tenha qualquer experiência sensorial que poderia ter na vida real. Através de um estímulo complexo dos nervos do meu cérebro o cientista pode dar-me a ilusão de estar assistindo televisão, correndo numa maratona, escrevendo um livro, comendo massa ou qualquer outra coisa que eu poderia fazer.” (Nigel Warburton, Elementos básicos de Filosofia, 2ª edição, Lisboa, 2007, pág. 158.) A história do cérebro numa cuba é uma experiência mental, tal como imaginar que a vida é um sonho ou a hipótese do Génio Maligno, de Descartes. Essas experiências mentais sugerem que podemos estar muito enganados em relação ao mundo e a nós próprios e que o conhecimento que julgamos ter é, afinal, uma ilusão. Claro que não acreditamos que as coisas se passem dessem modo: acreditamos que as coisas são realmente semelhantes ao modo como as percebemos e acreditamos que temos realmente conhecimento. Acreditamos - mas será que sabemos? Sabemos que a nossa vida é real e não uma ilusão ou apenas acreditamos nisso, tal como algumas pessoas acreditam em Deus e outras que vão ganhar a lotaria? É que para saber algo não basta ter uma crença – no mínimo, é também necessário que a crença seja verdadeira e esteja justificada. Como podemos justificar a nossa crença de que a vida não é um sonho ou que não somos apenas cérebros numa cuba iludidos por um cientista perverso qualquer? Responda com base nas aulas ministradas sobre René Descartes.
III - O PEDAÇO DE CERA “Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba de ser tirado da colméia: ele não perdeu ainda a doçura do mel que continha, retém ainda algo do odor das flores de que foi recolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, são patentes; é duro, é frio, tocamo-lo e, se nele batermos, produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem distintamente fazer conhecer um corpo encontram-se neste. Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar e, embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece após essa modificação? Cumpre confessar que permanece: e ninguém o pode negar. O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não pode ser nada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição, encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece.” (DESCARTES, René. Meditações. Trad. De Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 272.) Com base no texto, é correto afirmar que para Descartes: a) Os sentidos nos garantem o conhecimento dos objetos, mesmo considerando as alterações em sua aparência. b) A causa da alteração dos corpos se encontra nos sentidos, o que impossibilita o conhecimento dos mesmos. c) A variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos revela que o conhecimento destes excede o conhecimento sensitivo. d) A constante variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos comprova a inexistência dos mesmos. e) A existência e o conseqüente conhecimento dos corpos têm como causa os sentidos.
IV - O mundo de Sofia De Jostein Gaarder Cia. das Letras, São Paulo, 1998 -Tradução de João Azenha Jr. - Capítulo 18 (Excerto) –Descartes -(Páginas 252-262.) Alberto levantou-se, tirou a capa vermelha, colocou-a sobre uma cadeira e acomodou-se novamente no sofá. — René Descartes nasceu em 1596 e durante toda a sua vida viajou muito pela Europa. Ainda jovem, ele manifestou o desejo fervoroso de conhecer a natureza do homem e do universo. Mas, depois de estudar filosofia, conscientizou-se sobretudo de sua própria ignorância. — Mais ou menos como Sócrates? — Mais ou menos. Também como Sócrates, ele estava convencido de que a razão era o único meio de se chegar a um conhecimento seguro. Não devemos confiar no que lemos em livros antigos e não podemos confiar sequer no que os nossos sentidos nos dizem. — Platão também achava a mesma coisa. Ele dizia que só por meio da razão podíamos chegar a um conhecimento seguro. — Exatamente. De Sócrates e Platão parte uma linha direta até Descartes, passando por santo Agostinho. Todos eles eram racionalistas convictos. Para eles, a razão era a única fonte segura de conhecimento. Depois de muito estudar, Descartes chegou à conclusão de que não podia confiar muito no conhecimento herdado da Idade Média. Nesse sentido, talvez possamos compará-lo a Sócrates, que não confiava nas idéias amplamente difundidas em sua época pelas ruas de Atenas. O que fazer num caso desses, Sofia? Você pode me dizer? — A gente tem de começar a criar a sua própria filosofia. — Exatamente. Descartes decidiu percorrer toda a Europa, assim como Sócrates, em sua época, passou a vida conversando com as pessoas em Atenas. O próprio Descartes conta que seu objetivo passou a ser a procura por um conhecimento que ele podia encontrar dentro de si mesmo ou “no grande livro do mundo”. (...) Descartes, porém, estabeleceu este ponto como o marco zero para a sua reflexão. Ele chegou à conclusão de que a única coisa sobre a qual podia ter certeza era a de que duvidava de tudo. E foi então que compreendeu o seguinte: se havia um fato de que ele podia ter certeza, este fato era o de que ele duvidava de tudo. Se ele duvidava, isto significava que ele pensava. E se ele pensava, isto significava que ele era um ser pensante. Ou, como ele mesmo dizia: “Cogito, ergo sum”. — E o que significa isto? — Penso, logo existo. — Não me surpreende nada que ele tenha chegado a esta conclusão. — Pode ser. Mas note bem com que certeza intuitiva ele de repente se percebe como um ser pensante. Talvez você ainda se lembre de que Platão considerava mais real a existência daquilo que percebemos com nossa razão do que daquilo que percebemos com nossos sentidos. Para Descartes era a mesma coisa. Ele não apenas entende que é um Eu pensante, mas entende, ao mesmo tempo, que este Eu pensante é mais real do que o mundo físico que percebemos através de nossos sentidos. E a partir daí ele vai mais adiante, Sofia. Descartes está longe de concluir sua pesquisa filosófica. — Então vamos continuar… — Descartes pergunta-se, então, se esta mesma certeza intuitiva pode levá-lo a saber mais do que o fato de que é um ser pensante. Ele reconhece que também possui uma clara e nítida idéia do que seja um ser perfeito. Trata-se de uma idéia que ele sempre teve e para Descartes é evidente que tal noção não poderia vir dele próprio. Descartes afirmava que a noção do que fosse um ser perfeito não poderia brotar espontaneamente de um ser imperfeito. Assim, a noção de um ser perfeito tinha de vir, naturalmente, de outro ser perfeito. Em outras palavras: tinha de vir de Deus. Para Descartes, portanto, a existência de Deus é algo tão evidente quanto o fato de que alguém que pensa é um ser, um Eu pensante. — Acho que agora ele está sendo um pouco precipitado ao tirar suas conclusões. Ele que, no começo, tinha sido tão cuidadoso! — É verdade. Muitos chegaram mesmo a apontar isto como sendo justamente o ponto mais fraco de Descartes. Mas você disse “conclusões”. Na verdade, não se trata aqui se provar coisa alguma. Descartes está dizendo apenas que todos nós temos uma idéia do que seja um ser perfeito e que nesta própria idéia está embutido o fato de que este ser perfeito deve existir. Pois um ser perfeito não seria perfeito se não existisse. Além disso, não teríamos uma idéia do que seja um ser perfeito se tal ser não existisse. Isto porque somos imperfeitos e, por isso, a idéia de perfeição não pode brotar de nós mesmos assim, espontaneamente. A idéia de um Deus é, segundo Descartes, uma idéia inata, que nos é “plantada”, por assim dizer, no momento em que nascemos, “como a marca que o artista coloca em sua obra”, conforme ele mesmo escreve. — Mas mesmo que eu tenha uma idéia do que possa ser um crocofante, isto não significa que existam crocofantes. — Descartes teria dito que a existência de um crocofante não é inerente ao conceito “crocofante”, ao passo que a existência de um ser “perfeito” é inerente ao conceito de “ser perfeito”. Para Descartes, isto é tão certo quanto é inerente à própria idéia de um círculo o fato de todos os pontos deste círculo estarem à mesma distância de seu centro. Você não pode estar falando de um círculo, portanto, se a figura sobre a qual você fala não atender a esta premissa. Da mesma forma, você não pode falar de um ser perfeito se a ele falta a mais importante de todas as características: a existência. — Mas esta é uma forma muito especial de pensar. — Esta é uma forma de pensar marcadamente “racionalista”. Como Sócrates e Platão, Descartes via uma relação entre o pensamento e a existência. Quanto mais evidente uma coisa é para o pensamento, tanto mais certo é o fato de ela existir. — Bem, até agora ele reconheceu que é um ser pensante e que existe um ser perfeito. — E a partir daí ele prossegue. Todas as noções que temos da realidade exterior, como o Sol e a Lua, por exemplo, poderiam não passar de imagens oníricas. Mas a realidade exterior também possui características que podemos conhecer por meio de nossa razão. Por exemplo, as relações matemáticas, ou seja, o que pode ser medido: comprimento, largura e profundidade. Essas propriedades quantitativas são tão evidentes para a razão quanto o fato de que sou um ser pensante. Já as propriedades qualitativas, tais como cor, odor e sabor, estão relacionadas aos nossos sentidos e não descrevem, na verdade, uma realidade exterior. — Quer dizer que a natureza não passa de um sonho? — Não, e neste ponto Descartes retoma nossa idéia de um ser perfeito. Quando nossa razão reconhece alguma coisa com clareza e nitidez, isto significa que a coisa reconhecida corresponde exatamente à forma como nossa razão a percebeu. Pois um Deus perfeito não iria querer nos pregar peças. Descartes invoca a “garantia de Deus” para o fato de que tudo aquilo que reconhecemos por meio de nossa razão corresponde a uma realidade. — Muito bem. Então ele já chegou à conclusão de que é um ser pensante, de que Deus existe e de que também existe uma realidade exterior. — Só que entre a realidade exterior e a realidade dos pensamentos existe uma diferença fundamental. Descartes pode, então, tomar como ponto de partida o fato de que existem duas formas distintas de realidade, ou duas substâncias. A primeira substância é o pensamento, ou a alma, a outra é a extensão, ou a matéria. A alma é consciência pura, não ocupa lugar no espaço e, portanto, não pode ser decomposta em unidades menores. A matéria, ao contrário, é só extensão, ocupa lugar no espaço e pode por isso ser decomposta em partes menores, mas não possui consciência. Descartes diz que ambas as substâncias provêm de Deus, pois só Deus existe independentemente de qualquer outra coisa. Mas ainda que pensamento e extensão provenham de Deus, trata-se de duas substâncias completamente independentes uma da outra. O pensamento é livre na sua relação com a matéria, e vice-versa: os processos materiais também operam de forma totalmente independente. — E assim a criação de Deus foi dividida por dois. — Exatamente. Chamamos Descartes de dualista, o que significa que ele estabelece uma nítida linha divisória entre a realidade material e a espiritual. Por exemplo, só o homem tem uma alma. Os animais pertencem completamente à realidade material. Sua vida e seus movimentos são absolutamente mecânicos. Descartes considerava os animais uma espécie de máquinas complicadas. Também no que se refere à realidade material, portanto, sua noção de realidade era absolutamente mecanicista. Exatamente como os materialistas. — Duvido muito que meu cachorro Hermes não passe de uma máquina ou de uma espécie de robô. Certamente Descartes não gostou nunca de um animal. E nós? Também nós somos autômatos? — Sim e não. Descartes chegou à conclusão de que o homem é um ser dual, que tanto pensa quanto ocupa lugar no espaço. O homem possui, portanto, uma alma e um corpo físico. Santo Agostinho e são Tomás de Aquino já haviam formulado algo parecido. Eles acreditavam que o homem possuía um corpo, como os animais, mas também um espírito, como os anjos. Descartes considerava o corpo humano o resultado de uma mecânica arrojada. Tecnologia de ponta, como diríamos hoje. Mas o homem possui também uma alma capaz de operar independentemente de seu corpo. Os processos do corpo não possuem tal liberdade, pois obedecem às suas próprias leis. Mas aquilo que percebemos com nossa razão não acontece no corpo, e sim na alma, na mente, independentemente da realidade material — Já conversamos sobre isso. Quando decido correr até o ônibus, toda a “máquina” se põe em movimento. E se apesar disso perco o ônibus, começo a chorar. — Nem mesmo Descartes podia contestar o fato de que quase sempre ocorre uma interação entre alma e corpo. Para ele, enquanto a alma habita o corpo ela está ligada a ele por um órgão muito especial, uma glândula localizada no cérebro, dentro da qual ocorre esta constante interação entre espírito e matéria. Assim, para Descartes, a alma era constantemente perturbada por sentimentos e sensações que tinham a ver com as necessidades do corpo. Mas o objetivo deve ser entregar à alma o controle de tudo, pois, independentemente de serem fortes minhas dores de barriga, a soma dos ângulos de um triângulo será sempre de 180º. Desta forma, o pensamento pode se elevar para além das necessidades do corpo e se comportar “racionalmente”. Deste ponto de vista, a alma é totalmente independente do corpo. Nossas pernas podem envelhecer e se tornar fracas, nossas costas podem se curvar e nossos dentes começar a cair, mas a soma de dois mais dois será sempre quatro, enquanto em nós restar um lampejo de razão. Pois a razão não envelhece nem se debilita. Nosso corpo, ao contrário, sim. Para Descartes, a alma é a própria razão. Os afetos e sensações menos elevados, tais como desejo e ódio, estão intimamente ligados às funções do corpo e, portanto, a uma realidade material. — Não consigo aceitar com facilidade o fato de Descartes comparar o corpo com uma máquina ou com um autômato. — O motivo desta comparação é o fato de que na época de Descartes as pessoas estavam totalmente fascinadas pelas máquinas e pelas engrenagens dos relógios, que pareciam funcionar sozinhos. A palavra “autômato” designa exatamente alguma coisa que se movimenta por si mesma. Só que é claro que o fato de elas funcionarem por si mesmas não passava de uma ilusão. Um relógio astronômico, por exemplo, é construído e recebe corda das mãos do homem. Descartes dizia que tais aparelhos artificiais eram constituídos simplesmente por algumas poucas peças, se comparados com a quantidade de ossos, músculos, nervos, artérias e veias de que se compõe o corpo de homens e animais. Por que, então, Deus não seria capaz de construir o corpo de homens e animais com base em leis mecânicas? — Hoje em dias muitas pessoas falam da “inteligência artificial”. — Sim, elas estão pensando nos autômatos de nossa época. Construímos máquinas que às vezes realmente nos convencem de sua inteligência. Tais máquinas certamente teriam colocado em pânico o nosso Descartes. Talvez ele tivesse se perguntado se a razão humana seria realmente tão livre e independente quanto ele pensava. Pois há filósofos que consideram a vida da alma humana tão pouco livre quanto os processos do corpo. É claro que a alma de uma pessoa é infinitamente mais complicada do que qualquer programa de computador, mas há os que acham que em princípio somos tão dependentes quanto tais programas. 1.Que paralelos há entre Sócrates e Descartes? 2. Explique a expressão “penso, logo existo”. 3. Como Descartes provou a existência de Deus? 4.O que significa ser “dualista”? 5.O que pensava Descartes acerca dos animais? 6.Que significa o homem ser “dual”? 7.De que maneira o corpo pode ser comparado as maquinas e engrenagens do relógio?
V – Termo do Dicionário Descartes "OPINIÕES PRECONCEBIDAS: Descartes utiliza essa expressão quase como um termo técnico(em latim, praejudicia, literalmente "preconceitos"), para referir-se ao lastro de crenças, amiúde irrefletidas, que todos trazemos conosco antes de comerçamos a pensar filosoficamente. "Uma vez que começamos a vida como criançase fizemos vários juízos acerca das coisas perceptiveis pelos sentidos antes de dispormos do uso da razão, existem muitas opiniões preconcebidas que nos impedem de conhecer a verdade...O único meio de nos livrarmos dessas opiniões é tomar a iniciativa de duvidar , uma vez no curso da vida,de tudo aquilo que notarmos a menos suspeita de incerteza"(Princípios de filosofia). Os dois grandes elementos geradores de opiniões preconcebidas são, para Descartes, primeiramente a confiança na tradição e na autoridade em lugar do uso natural que trazemos em nós."(A busca da verdade)e, em segundo lugar,os produtos dos sentidos, que frequentemente, demonstram não ser confiáveis(Primeira Meditação). A elminação das ideias preconcebidas é o primeiro passo no projeto cartesiano para a construção de um novo edifício de Conhecimento confiável." (Dicionário Descartes, John Cottingham, Jorge Zahar Editor) 1.A que se refere Descartes quando utiliza a expressão “opiniões preconcebidas”? 2.Qual a única maneira de se livrar das opiniões preconcebidas? 3.Quais os dois elementos geradores das opiniões preconcebidas? 4.Qual o primeiro passo no projeto cartesiano para a construção de um novo edifício de conhecimento confiável?

domingo, 19 de maio de 2013

QUESTÕES DO FILME INTOCÁVEIS

1. Que contrastes podemos observar entre Philippe e Driss?
2. Por que Philippe contratou Driss e acabou gostando muito de seu trabalho de assistente pessoal?
3. De que maneira o trabalho com Philippe mudou a vida de Driss?
4. Que valor ou valores éticos são mostrados no filme? Justifique.
5. Conforme o filme, como podemos lidar com as “diferenças” e encarar nossos “limites”?

Questões do filme “O Primeiro Mentiroso”

1. O que levou Mark a inventar a primeira mentira?
2. De que maneira a mentira se fez necessária para melhorar aquele mundo?
3. Qual o problema de um mundo onde só se fala a verdade?
4. Qual o papel da religião para aquelas pessoas?
5. Ao final do filme “O Mentiroso” de Jim Carrey a verdade é vista como a melhor política. Diferente deste, como conclui o filme “O Primeiro Mentiroso”?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

RECUPERAÇÃO DO 2° ANO: RENE DESCARTES
Fazer em folha de almaço, colocando Nome, Número e Série.
• Pesquisar sobre René Descartes para responder as questões.
1- Qual o sentido do cogito cartesiano?
2- Qual a função da glândula pineal?
3- Quais as diferenças entre alma e corpo?
4- Escreva os conceitos de: a) Razão. b) Juízo. c) Percepção. d) Memória. e) Imaginação.
5- Comente sobre o método cartesiano conforme o livro ''O Discurso do Método''.

terça-feira, 19 de março de 2013

Questões do filme Matrix

1.O que é Matrix? O que representa a “Matrix” na alegoria da caverna de Platão(que mundo?). Que semelhanças há entre a Matrix e a caverna de Platão? De que maneira Neo saiu de Matrix e de que maneira podemos sair da caverna? Porque Neo voltava a Matrix e porque devemos voltar a caverna?
2.Uma das discussões filosóficas do filme é a relação do ser humano com o meio ambiente, na cena em que Morpheus encontra-se prisioneiro do Agente Smith, este revela que, ao tentar classificar a raça humana, fez uma descoberta surpreendente: ele sustenta que nós, seres humanos, não somos mamíferos, porque não entramos em equilíbrio com o meio ambiente. Ao contrário dos mamíferos, nós nos mudamos para uma área e nos multiplicamos até consumirmos todos os recursos naturais para depois, mudar novamente para outra. Segundo o Agente Smith, o "outro organismo neste planeta que segue o mesmo padrão" é um "vírus". Identificando as necessidades do ser humano, constatando o desprezo por alguns com o meio ambiente qual argumentação você daria, no lugar do personagem Morpheus para contradizer ou apoiar a afirmação do agente Smith?
3.O herói é alguém que larga a segurança de sua terra ou família e parte em busca de algo difícil e precioso, enfrentando incertezas, sofrimentos, perigos e arriscando a própria vida para, no fim, retornar transformado e vitorioso, mais forte, experiente e seguro, para guiar ou salvar seu povo, casar-se com a princesa ou substituir um velho rei injusto ou doente. Analisando o que buscava o personagem Neo ao optar pela pílula vermelha, comente a mensagem passada pelo filme relacionando com as opções que fazemos diariamente, somos impulsionados a buscar as mudanças por estar-mos insatisfeitos com a realidade, ou a realidade nos cobra a busca pelas mudanças? Justifique.
4.Embora a Matrix tenha sido programada para lutar ferrenhamente contra todos os que a desafiam, a Inteligência Artificial sabia que mais cedo ou mais tarde o Predestinado sempre surgiria. Assim, restou lidar com ele da melhor forma possível: se não pode com seu inimigo, una-se a ele. As máquinas talvez jamais consigam decifrar, calcular e prever o amor, essa força tão imensa, poderosa, insana e contraditória, essa equação tão desequilibrada e imprevisível. Qual a relação passada no filme entre a rigidez da Matrix e o amor de Trinity por Neo, de Morpheu pela raça humana, entre outros? Podemos atribuir o responsável como sendo "a falta de amor" que levou Cypher a trair seus amigos?
5.Que semelhanças há entre Sócrates e Neo?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

2 ANO DO EM - Questões do filme: Efeito Borboleta

1.Preencha com informações técnicas:
Direção:
Roteiro:
Gênero:
Origem:
Duração:
2. Cite o nome de três personagens centrais.
3. De quem o protagonista herdou sua capacidade de viajar no tempo?
4. Que situação de pedofilia ocorre no filme?
5. Por mais que volte no tempo o protagonista acaba percebendo que alguém sai perdendo, que solução ele encontrou no final do filme para evitar um caos maior?
6. Se você pudesse voltar no tempo o que mudaria em sua vida?
7. Que valor(es) determinou(am) as atitudes de Evan? Você concorda? Justifique.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O que é Ética?

Há ciências que estudamos por simples interesse de saber coisas novas; outras, para adquirir uma habilidade que nos permita fazer ou utilizar alguma coisa; a maioria, para conseguir um trabalho e ganhar a vida com ele. Se não sentirmos curiosidade nem necessidade de realizar esses estudos, poderemos prescindir deles tranqüilamente. Há uma infinidade de conhecimentos muito interessantes mas sem os quais podemos nos arranjar muito bem para viver. Eu, por exemplo, lamento muito não ter nem idéia de astrofísica ou de marcenaria, que dão tanta satisfação a outras pessoas, embora essa ignorância nunca me tenha impedido de ir sobrevivendo até hoje. E você, se não me engano, conhece as regras do futebol mas é bem fraco em beisebol. Não tem maior importância, você desfruta os campeonatos mundiais, dispensa olimpicamente a liga americana e todo o mundo sai satisfeito. O que eu quero dizer é que certas coisas a pessoa pode aprender ou não, conforme sua vontade. Como ninguém é capaz de saber tudo, o remédio é escolher e aceitar com humildade o muito que ignoramos. É possível viver sem saber astrofísica, marcenaria, futebol e até mesmo sem saber ler e escrever: vive-se pior, decerto, mas vive-se. No entanto, há outras coisas que é preciso saber porque, por assim dizer, são fundamentais para nossa vida. É preciso saber, por exemplo, que saltar de um balcão do sexto andar não é bom para a saúde; ou que uma dieta de pregos (perdoem-me os faquires!) e ácido prússico não nos permitirá chegar à velhice. Também não é aconselhável ignorar que, se dermos um safanão no vizinho cada vez que cruzarmos com ele, mais cedo ou mais tarde haverá conseqüências muito desagradáveis. Pequenezas desse tipo são importantes. Podemos viver de muitos modos, mas há modos que não nos deixam viver.Em resumo, entre todos os saberes possíveis existe pelo menos um imprescindível: o de que certas coisas nos convêm e outras não. Certos alimentos não nos convém, assim como certos comportamentos e certas atitudes. Quero dizer, é claro, que não nos convém se desejamos continuar vivendo. Se alguém quiser arrebentar-se o quanto antes, beber lixívia poderá ser muito adequado, ou também cercar-se do maior número possível de inimigos. Mas, de momento, vamos supor que preferimos viver, deixando de lado, por enquanto, os respeitáveis gostos do suicida. Assim, há coisas que nos convêm, e o que nos convém costumamos dizer que é "bom", pois nos cai bem; outras, em compensação, não nos convém, caem-nos muito mal, e o que não nos convém dizemos que é "mau". Saber o que nos convém, ou seja, distinguir entre o bom e o mau, é um conhecimento que todos nós tentamos adquirir - todos, sem exceção - pela compensação que nos traz. Como afirmei antes, há coisas boas e más para a saúde: é necessário saber o que devemos comer, ou que o fogo às vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água pode matar a sede e também nos afogar. No entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por exemplo, aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso contínuo pode ser nocivo. Em alguns aspectos são boas, mas em outros são más: elas nos convém e ao mesmo tempo não nos convém. No terreno das relações humanas, essas ambigüidades ocorrem com maior freqüência ainda. A mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra - e todos nós precisamos falar para viver em sociedade - e provoca inimizade entre as pessoas; mas às vezes pode parecer útil ou benéfico mentir para obter alguma vantagem, ou até para fazer um favor a alguém. Por exemplo, é melhor dizer ao doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado, ou deve-se enganá-lo para que ele viva suas últimas horas sem angústia? A mentira não nos convém, é má, mas às vezes parece acabar sendo boa. Procurar briga com os outros, como já dissemos, em geral é inconveniente, mas devemos consentir que violentem uma garota diante de nós sem interferir, sob pretexto de não nos metermos em confusão? Por outro lado, quem sempre diz a verdade - doa a quem doer - costuma colher a antipatia de todo o mundo; e quem interfere ao estilo Indiana Jones para salvar a garota agredida tem maior probabilidade de arrebentar a cabeça do que quem segue para casa assobiando. O que é mau às vezes parece ser mais ou menos bom e o que é bom tem, em certas ocasiões, aparência de mau. Haja confusão! Saber viver não é tão fácil, pois é preciso lidar com diversos critérios opostos. Em matemática ou geografia, há sábios e ignorantes, mas os sábios estão quase sempre de acordo quanto ao fundamental. No viver, por outro lado, as opiniões estão longe de ser unânimes. Se alguém prefere levar uma vida emocionante, pode dedicar-se aos carros de Fórmula l ou ao alpinismo; mas quem preferir uma vida segura e tranqüila fará melhor em buscar as aventuras no videoclube da esquina. Alguns garantem que o mais nobre é viver para os outros, mas há pessoas que acham que o mais útil é conseguir que os outros vivam para elas. Segundo certas opiniões, o que conta é ganhar dinheiro e nada mais, ao passo que outros afirmam que o dinheiro sem saúde, tempo livre, afeto sincero ou serenidade nada vale. Médicos respeitáveis mostram que renunciar ao fumo e ao álcool é um meio seguro de prolongar a vida, e os fumantes e bêbados respondem que com essas privações sua vida logo se tornaria muito mais frouxa. E assim por diante. À primeira vista, a única coisa com que todos nós concordamos é que não concordamos com todos. Mas observe que também essas opiniões diferentes coincidem em outro ponto, ou seja, nossa vida é, pelo menos em parte, resultado daquilo que queremos. Se nossa vida fosse algo inteiramente determinado e fatal, irremediável, todas estas considerações não teriam o menor sentido. Ninguém discute sobre se as pedras devem cair para baixo ou para cima: elas caem para baixo e ponto final. Os castores fazem diques nos rios e as abelhas favos de alvéolos hexagonais: não há castores que tentem fazer alvéolos de favo nem abelhas que se dediquem à engenharia hidráulica. Em seu meio natural, cada animal parece saber perfeitamente o que é bom e o que é mau para ele, sem discussões ou dúvidas. Não há animais maus nem bons na natureza, embora talvez a mosca considere má a aranha que tece sua teia e a devora. Mas para a aranha isso é inevitável... Vou lhe contar um caso dramático. Você conhece as térmitas, aquelas formigas brancas que, na África, constroem formigueiros impressionantes, de vários metros de altura e duros feito pedra. Como o corpo das térmitas é mole, por não ter a couraça de quitina que protege outros insetos, o formigueiro tem a função de uma grande carapaça coletiva que as defende contra certas formigas inimigas mais bem armadas do que elas. Mas às vezes um desses formigueiros desmorona por causa de uma inundação ou de algum elefante (os elefantes gostam de se coçar esfregando os flancos contra os termiteiros - o que fazer?). Logo as térmitas-operárias põem-se a trabalhar para reconstruir depressa a fortaleza danificada. E as grandes formigas inimigas lançam-se ao ataque. As térmitas-soldados saem para defender sua tribo, tentando deter as inimigas. Como não podem competir com elas nem em tamanho nem em armamentos, dependuram-se nas atacantes tentando frear sua marcha, e vão sendo despedaçadas pelas mandíbulas das inimigas. As operárias trabalham celeremente para voltar a fechar o termiteiro ruído... mas fecham-no deixando fora as pobres e heróicas térmitas-soldados, que sacrificam suas vidas pela segurança das outras. Será que elas não merecem pelo menos uma medalha? Não é justo dizer que são valentes! Muda o cenário, mas não o tema. Na Iliada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Tróia, que, fora das muralhas de sua cidade, espera obstinadamente por Aquiles, o enfurecido herói dos aqueus, mesmo sabendo que este é mais forte e provavelmente irá matá-lo. Heitor faz isso para cumprir seu dever, que consiste em defender sua família e seus concidadãos do terrível atacante. Ninguém duvida de que Heitor é um herói, um autêntico valente. Mas não será Heitor heróico e valente do mesmo modo que as térmitas-soldados, cuja gesta milhões de vezes repetida nenhum Homero preocupou-se em contar? Heitor, afinal, não faz a mesma coisa que qualquer uma das térmitas anônimas? Por que seu valor nos parece mais autêntico e mais difícil do que o dos insetos? Qual é a diferença entre um caso e outro? Simplesmente, a diferença está em que as térmitas-soldados lutam e morrem porque têm de fazê-lo, inevitavelmente (como a aranha que come a mosca). Heitor, por outro lado, sai para enfrentar Aquiles porque quer. As térmitas- soldados não podem desertar, nem se rebelar, nem se esquivar para que outras tomem seu lugar: estão programadas necessariamente pela natureza para cumprirem sua missão heróica. O caso de Heitor é diferente. Poderia dizer que está doente ou que não tem vontade de enfrentar alguém mais forte do que ele. Talvez seus concidadãos o chamem de covarde e o considerem descarado, ou talvez lhe perguntem se tem outro plano para deter Aquiles, mas é indubitável que ele tem a possibilidade de negar-se a ser herói. Por maior que seja a pressão dos outros sobre ele, sempre poderá escapar do que se supõe que deva fazer: não está programado para ser herói, nenhum homem está. Daí o mérito de seu gesto e o fato de Homero contar sua história com épica emoção. Ao contrário das térmitas, dizemos que Heitor é livre, e por isso admiramos seu valor. Chegamos assim à palavra fundamental de toda essa confusão: liberdade. Os animais (sem falar nos minerais ou nas plantas) não têm outro remédio senão ser como são e fazer o que estão naturalmente programados para fazer. Não se pode repreendê-los ou aplaudi-los pelo que fazem, pois não sabem comportar-se de outro modo. Essa disposição obrigatória poupa-lhes, sem dúvida, muita dor de cabeça. Em certa medida, decerto, nós, seres humanos, também somos programados pela natureza. Somos feitos para beber água, e não lixívia, e, apesar de todas as nossas precauções, mais cedo ou mais tarde devemos morrer. E, de maneira menos imperiosa mas bem parecida, nosso programa cultural é determinante: nosso pensamento é condicionado pela linguagem que lhe dá forma (uma linguagem que nos é imposta de fora e que não inventamos para nosso uso pessoal) e somos educados dentro de certas tradições, hábitos, formas de comportamento, lendas...; em resumo, desde o berço nos são inculcadas certas fidelidades e não outras. Tudo isso pesa muito e faz com que sejamos bastante previsíveis. Voltemos ao exemplo de Heitor, de quem acabamos de falar. Sua programação natural fazia com que Heitor sentisse necessidade de proteção, abrigo e colaboração, benefícios que, bem ou mal, encontrava em sua cidade de Tróia. Também era muito natural que considerasse com afeto sua mulher Andrômaca - que lhe proporcionava companhia aprazível - e seu filhinho, por quem sentia laços de apego biológico. Culturalmente, sentia-se parte de Tróia e compartilhava com os troianos a língua, os costumes e as tradições. Além disso, desde pequeno fora educado para ser um bom guerreiro a serviço de sua cidade, e lhe disseram que a covardia era algo aversivo, indigno de um homem. Se traísse os seus, Heitor sabia que seria desprezado e, de um modo ou de outro, castigado. De maneira que também estava bastante programado para agir como fez, não é mesmo? E no entanto... No entanto Heitor poderia ter dito: que vá tudo às favas! Poderia ter escapado de Tróia no meio da noite disfarçado de mulher, ou ter-se fingido de doente ou louco para não combater, ou ter-se ajoelhado diante de Aquiles oferecendo-lhe seus serviços como guia para invadir Tróia por seu lado mais vulnerável; também poderia ter-se entregado à bebida ou inventado uma nova religião que dissesse que não devemos lutar contra os inimigos mas oferecer a outra face quando nos esbofeteiam. Você me dirá que todos esses comportamentos teriam sido extraordinários, em vista de quem era Heitor e da educação que recebera. Mas é preciso reconhecer que não são hipóteses impossíveis, ao passo que um castor que fabrique favos ou uma térmita desertora não são algo extraordinário, mas estritamente impossível. Com os homens nunca é possível ter certeza absoluta, ao passo que com os animais ou com outros seres naturais sim. Por mais que sejamos programados biológica ou culturalmente, nós, seres humanos, sempre podemos, ao final, optar por algo que não esteja no programa (pelo menos que não esteja totalmente). Podemos dizer "sim" ou "não", quero ou não quero. Por mais que nos vejamos acuados pelas circunstâncias, nunca temos apenas um caminho a seguir, mas vários. Quando falo de liberdade, é a isso que estou me referindo: ao que nos diferencia das térmitas e das marés, de tudo o que se move de modo necessário e inevitável. É certo que não podemos fazer qualquer coisa que queiramos, mas também é certo que não somos obrigados a querer fazer uma única coisa. Aqui convém fazer dois esclarecimentos a respeito da liberdade: Primeiro: Não somos livres para escolher o que nos acontece (termos nascido num determinado dia, de determinados pais, num determinado país, termos um câncer ou sermos atropelados por um carro, sermos feios ou bonitos, os aqueus se empenharem em conquistar nossa cidade, etc.), mas livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo (obedecer ou nos rebelar, ser prudentes ou temerários, vingativos ou resignados, vestir-nos na moda ou nos fantasiar de urso das cavernas, defender Tróia ou fugir, etc.). Segundo: Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (que consiste em escolher dentro do possível) não é o mesmo que a onipotência (que seria conseguir sempre o que se quer, mesmo parecendo impossível). Por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade. Sou livre para querer subir o monte Everest, mas, em vista do meu estado físico miserável e de meu preparo nulo para o alpinismo, é praticamente impossível que eu consiga meu objetivo. Em compensação, sou livre para ler ou não ler, mas, como aprendi a ler quando pequeno, não será muito difícil fazê-lo se assim eu decidir. Há coisas que dependem da minha vontade (e isso é ser livre), mas nem tudo depende de minha vontade (senão eu seria onipotente), pois no mundo há muitas outras vontades e muitas outras necessidades que não controlo conforme meu gosto. Se eu não conhecer a mim mesmo e ao mundo em que vivo, minha liberdade às vezes irá esbarrar com o necessário. Mas - isso é importante - nem por isso deixarei de ser livre... mesmo que me queime.Na realidade, existem muitas forças que limitam nossa liberdade, desde terremotos e doenças até tiranos. Mas nossa liberdade também é uma força no mundo, nossa força. No entanto, se você conversar com as pessoas, verá que a maioria tem muito mais consciência do que limita sua liberdade do que da própria liberdade. Muita gente lhe dirá: "Liberdade? Mas de que liberdade você está falando? Como podemos ser livres se nos fazem a cabeça através da televisão, se os governantes nos enganam e nos manipulam, se os terroristas nos ameaçam, se as drogas nos escravizam e se, além de tudo, não tenho dinheiro para comprar uma moto, que é o que eu desejaria?" Se você prestar um pouco de atenção, verá que aqueles que falam assim parecem estar se queixando mas, na verdade, estão muito satisfeitos por saber que não são livres. No fundo, eles pensam: "Ufa! Que peso tiramos de cima de nós! Como não somos livres, não podemos ter a culpa de nada que nos aconteça..." Mas tenho certeza de que ninguém acredita de verdade que não é livre, ninguém aceita tranqüilamente que funciona como um mecanismo inexorável de relógio ou como uma térmita. Podemos achar que optar livremente por certas coisas em certas circunstâncias é muito difícil (entrar numa casa em chamas para salvar uma criança, por exemplo, ou enfrentar um tirano com firmeza) e que é melhor dizer que não há liberdade para não reconhecermos que preferimos livremente o mais fácil, ou seja, esperar os bombeiros ou lamber as botas de quem está pisando em nosso pescoço. Mas em nossas entranhas alguma coisa insiste em dizer: "Se você quisesse..." Quando alguém insistir em negar que nós, seres humanos, somos livres, aconselho-o a aplicar a essa pessoa a prova do filósofo romano. Na Antiguidade, um filósofo romano discutia com um amigo que negava a liberdade humana e afirmava que todos os homens não têm outro remédio senão fazer o que fazem. O filósofo pegou sua bengala e começou a golpear o amigo com toda a força. "Pare, chega, não me bata mais!", dizia o outro. E o filósofo, sem parar de espancá-lo, continuou argumentando: "Você não está dizendo que não sou livre e que não posso evitar fazer o que faço? Pois então não gaste saliva pedindo-me para parar: sou automático." Enquanto o amigo não reconheceu que o filósofo podia livremente deixar de golpeá-lo, o filósofo não suspendeu as bengaladas. A prova é boa, mas você só deve utilizá-la em caso extremo e sempre com amigos que não pratiquem artes marciais... Resumindo: ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente para nós, em oposição ao que nos parece mau e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e as térmitas. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, procurando adquirir um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, é o que se chama de ética. E é disso que continuaremos falando nas páginas seguintes deste livro, se você tiver paciência.
QUESTÕES
1.Porque algumas coisas são necessárias saber e outras nem tanto?
2.Comente: “O que é mau às vezes parece ser mais ou menos bom e o que é bom tem, em certas ocasiões, aparência de mau”.
3. Explique porque parece que “a única coisa com que todos nós concordamos é que não concordamos com todos”?
4.Justifique o seguinte pensamento – “nossa vida em parte é resultado daquilo que queremos”.
5. O que o exemplo das térmitas e de Heitor tem a nos ensinar?
6.Que limites e possibilidades existem na liberdade de cada um de nós?
7.Como é definida a ética pelo autor?